Ambientes corporativos já foram lugares cruéis para os tÃmidos. As empresas viam os profissionais extrovertidos como mais fortes, sem compreender que os tÃmidos são celeiros de grandes ideias. Essa lógica fazia com que muitos introvertidos tentassem se adaptar e adquirissem caracterÃsticas dos extrovertidos. Com o tempo, descobriu-se que isso é uma péssima ideia. Mas a velha lógica, apesar de ter começado a ser desmontada, ainda persiste.
Pensando nesse problema, a ex-advogada e escritora Susan Cain decidiu ajudar a destrancar o potencial desse grupo, que representa metade da população mundial. Susan veio ao Brasil para palestrar na HSM Expomanagement sobre seu livro "O Poder dos Quietos: como os tÃmidos e introvertidos podem mudar um mundo que não para de falar", um best-seller mundial.
O Administradores.com separou os quatro pontos principais abordados pela autora:
Precisamos mudar nossa forma de fazer brainstorms
Susan levou à palestra um dado importante sobre brainstorms e reuniões: apenas três pessoas falam durante 70% do tempo. Esse monópolio da palavra tem um efeito negativo sobre os resultados das reuniões, já que é comum absorver a ideia do outro como nossa. O que os gestores devem fazer é organizar encontros individuais para que os introvertidos não tenham suas ideias suprimidas pelos extrovertidos. "As melhores ideias saem do indivÃduo e depois são aprimoradas em grupo", disse a escritora. Após esse processo, todos podem se reunir para debater o que foi dito individualmente.
Para que as reuniões sejam mais eficientes, ela aconselha aos introvertidos que falem no inÃcio do encontro e, aos extrovertidos, ela pede que falem menos e escutem mais.
Não existe ambiente de trabalho que funcione para todos os profissionais
Por razões biológicas, os introvertidos são mais sensÃveis a estÃmulos. Eles se sentem mais incomodados em uma festa, por exemplo. Enquanto isso, os extrovertidos precisam da agitação para se desenvolverem. Um estudo mostrou que os extrovertidos conseguem resolver problemas matemáticos com barulho ao contrário dos introvertidos. Isso mostra que não existe um ambiente de trabalho que funcione melhor para os funcionários. Sobre o trabalho em grupo, ela diz que os introvertidos sabem trabalhar coletivamente, mas é interessante que trabalhem sozinhos primeiro e, só depois, se juntem ao grupo.
Empresas precisam de introvertidos e extrovertidos
Para Susan Cain, as empresas precisam das duas maneiras de pensar: dos introvertidos e extrovertidos. Durante a palestra, ela citou a dupla responsável pelo Facebook: Mark Zuckerberg e Sheryl Sandberg. Ele é introvertido e se dedica à parte estratégica do negócio. Já ela é um extrovertida cuja personalidade é a melhor opção na gestão de pessoas e para atender a mÃdia.
LÃderes introvertidos existem, sim!
Apesar de muitos acreditarem que os lÃderes precisam ser carismáticos, Susan diz que existem vários modelos de liderança. Dentre eles, o modelo de liderança dos introvertidos. Como exemplo, a escritora citou nomes como Bill Gates, fundador da Microsoft; Larry Page, fundador do Google; e Marissa Mayer, CEO do Yahoo. "Gandhi costumava voltar correndo da escola para não ter que ficar conversando com as pessoas. Ele nunca gostou de falar em público, mas o fazia porque se importava com as causas que defendia", contou a escritora.